Centro de Orleans, 02h30min da manhã. Lá estava a caminhar sem sono essa pessoa que aqui escreve. Apesar do frio de moer, estava satisfeito pela tranquilidade da madrugada, a praça vazia, poucos carros largados pela rua enquanto seus donos dormiam nos apartamentos das namoradas, as folhas secas do outono rendidas no chão, a água do chafariz borbulhando no silêncio da noite. Aquele local tão cheio de gente durante o dia era meu. Caminhei, bati algumas fotos, observei detalhes que nunca tinha reparado na praça.
Pouco tempo depois, um peugeot começou a passar por ali com uma freqüência exagerada para àquela hora — procurando uma pizzaria aberta é que não estava. Outro insone viajando na madrugada?
Dava voltas no jardim e quando passava por mim diminuía a velocidade; uma hora estacionou. Foda-se. Continuei ali.
Em seguida, enquanto tirava uma foto, levei um susto e dei um sobressalto ao ouvir uma voz balbuciar algo por perto. A criatura passou a poucos metros me encarando. “Que foi?”, eu disse, num tom meio agressivo. O abobado sorriu e seguiu em frente. Era o fim da tranquilidade; 2 minutos depois estava atrás de mim enquanto eu caminhava. Fui devagar pra ver se ele passava logo, mas ele ia devagar também. O cara do peugeot continuava a rodear. “Que porra”, pensava. Segui caminhando sem saber aonde ir, mas, quando comecei a ouvir o cara gemer e fazer psiu, resolvi ir embora — realmente ele estava se achando sexy fazendo aquela voz nasalada e sugando um macarrão imaginário. Por pouco não perdi a calma e fiz besteira (não, não ia ceder aos encantos da boneca). Ele não desistiu, me seguiu até perto de casa chamando e dizendo besteiras. Me resignei e fui embora pelas ruas vazias.
Agora estou aqui — quer dizer, posso estar em qualquer outro lugar — ouvindo o Tim Maia cantar aquilo que não encontrei hoje: Sossego!
sábado, 20 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário