Pulou sobre a pedra lisa que a maré quase cobria por inteiro.
Pensamentos já pensados, pré-parados. Imitados?
O armazém da memória é uma pedra coletiva, trabalhada pelo mesmo agente. A pedra nasce com forma, por assim dizer. A partir do momento que nasce, não é que tenha essência, é mais a infelicidade do inescapável.
Ficou sobre a pedra. A água salgada encobre, desliza e foge.
Não há como agarrar a água; se capturada em um reservatório, por exemplo, se torna outra coisa, como que deixa de ser o que cobria a pedra. Só é enquanto está.
O mortal só é quando está, o que parece óbvio. Mas a água, por se um todo, mesmo com prejuízo de certa fração, ainda é.
Minha fração é comum a de muitos: Bom dia, boa tarde, como vai, vai chover. Quando capturado, por ser parte do todo, ainda estou nos outros.
Então escreve com as frações capturadas do alheio. Tenta agarrar a água que desliza sobre a pedra, a água que contém o todo, mas que deixa de ser quando capturada.