sábado, 5 de maio de 2012

Investigação sobre o todo

Pulou sobre a pedra lisa que a maré quase cobria por inteiro.

Pensamentos já pensados, pré-parados. Imitados?

O armazém da memória é uma pedra coletiva, trabalhada pelo mesmo agente. A pedra nasce com forma, por assim dizer. A partir do momento que nasce, não é que tenha essência, é mais a infelicidade do inescapável.

Ficou sobre a pedra. A água salgada encobre, desliza e foge.

Não há como agarrar a água; se capturada em um reservatório, por exemplo, se torna outra coisa, como que deixa de ser o que cobria a pedra. Só é enquanto está.

O mortal só é quando está, o que parece óbvio. Mas a água, por se um todo, mesmo com prejuízo de certa fração, ainda é.

Minha fração é comum a de muitos: Bom dia, boa tarde, como vai, vai chover. Quando capturado, por ser parte do todo, ainda estou nos outros.

 Então escreve com as frações capturadas do alheio. Tenta agarrar a água que desliza sobre a pedra, a água que contém o todo, mas que deixa de ser quando capturada.